Odontofobia: trauma plantado pelas mães na infância

odontofobia, medo ao dentista
O medo de ir ao dentista é fato cultural em nosso país, mais comum do que se possa imaginar e sempre é tema de conversas entre mulheres, principalmente entre mães que precisam lidar com o medo das crianças em relação a isso, sendo que elas mesmas sofrem em silencio com o mesmo sentimento. O que essas mães não percebem, é que, acabar ou cultivar ou alimentar esse medo nas futuras gerações, depende delas.

A visita ao dentista sempre foi associada a castigo, punição, assim como ir ao médico, injeção, imposto à criança por suas travessuras. Frases como: se não comer tudo, vai ficar doente e ter de ir ao médico para tomar injeção. Se não escovar os dentes, se comer muitas balas e doces, tem de ir no dentista tomar injeção e arrancar os dentes, são rotineiras, mas são as principais causadoras de traumas e fobias em adultos, com relação a saúde e principalmente a saúde bucal, para o resto da vida.

A educação sobre os bons hábitos de higiene e vida saudável, deve acontecer de forma natural,mostrando as conseqüências mas, ressaltar principalmente o lado positivo, como um sorriso saudável e bonito, a boa saúde e beleza do corpo diante de uma alimentação saudável e e prática de exercícios, sempre sem cair nos exageros pois a educação alimentar na criança deve ser construída com cuidado para não despertar na mesma, a prática da anorexia ou bulimia, principalmente nas meninas.

Mas, voltando ao medo do consultório dentário, os traumas plantados na infância, resultam em adultos que, diante de uma simples consulta agendada com seu dentista, já começam a sofrer por antecipação, perdendo o sono e apetite na véspera.

Ansiedade exagerada e medo de ir ao dentista


Lá chegando, começam os calafrios, suor em excesso, falta de ar, taquicardia, tremores. Entram em verdadeiro pânico, quando,sentado na sala de espera, ouve o barulho do motorzinho lá dentro. Uma vez, dentro do consultório, desmaiam ao olhar para a cadeira do paciente ou sentir o cheiro dos medicamentos característicos do local. Há também as vítimas que desistem e vão adiando a consulta, por medo de ver sangue, anestesias...

Motivos não faltam para marcarem outros compromissos bem no dia da consulta, como desculpa para adiar a mesma. Parece engraçado, mas não é. Pode ser um transtorno psicológico, denominado por especialistas como odontofobia, angustiante para quem vive essa situação e que dificulta o trabalho do profissional e sua relação com o paciente.

Os profissionais da área, estão se preparando cada vez mais, para lidar com esse lado humano nos consultórios, buscando soluções alternativas de acordo com cada caso. O eixo central em qualquer relação entre esse profissional e seu paciente é o diálogo, onde deve ser explicado cada passo do tratamento, uma vez que o desconhecido causa sempre medo e insegurança a qualquer pessoa em qualquer situação. Uma relação de vínculo e confiança entre ambos ajuda e muitas vezes é a única chave para a solução do problema.

Para casos extremos, já existe a técnica da sedação consciente nos consultórios, que é a inalação de oxigênio e óxido nitroso pelo paciente. Tal procedimento visa e acalmar o paciente que, acompanha todo o procedimento consciente mas de forma bem tranqüila. O paciente precisa informar ao seu dentista sobre seu estado geral de saúde, como pressão arterial, problemas cardiovasculares e se usa algum medicamento, antes desse procedimento. Caso seja necessário, é aconselhável buscar parcerias com outros profissionais como psicólogos ou psiquiatras para o sucesso do tratamento.

Cabe às mães a desmistificação desses conceitos culturais impostos há muito tempo nas famílias e sociedade, afinal as crianças de hoje, são os adultos de amanhã e seus responsáveis têm nas mãos o poder de educar para a vida e como tal são formadores de opinião e exemplo para os filhos. Os educadores do futuro devem fazer com que a saúde bucal faça parte da rotina dos adultos naturalmente, sem fobias.
Graça Campos
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